Os estudos germinados em torno da historiografia da educação no Brasil, em processo de revisão e consolidação nas últimas décadas, têm realizado uma significativa releitura do ensino primário e secundário por via das mais variadas experiências escolares, bem como formas educativas não escolares. Nesta direção, os usos de aportes teóricos diversificados, bem como a escolha da operação historiográfica e das fontes analisadas ocupam um papel fulcral no desenvolvimento das pesquisas no campo da História da Educação.
O acervo de periódicos disponível online pela Hemeroteca Digital Brasileira, da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), possibilita traçar um investimento político, educacional e até mesmo econômico da Bahia entre os anos de 1811 a partir da publicação das edições do jornal Idade D’Ouro – até 1949, ano dos últimos sete (7) impressos digitalizados para consulta. O modo de operar a massa documental armazenada na FBN consiste em passo metodológico desenvolvido pelo GRUPPHED, tendo como perspectiva a análise dos discursos na imprensa como fonte utilizada para elucidar o debate público de diferentes instâncias em torno da questão da expansão da instrução; da disseminação da malha escolar; do trabalho docente; da participação de sujeitos plurais nos debates; da constituição de pensamentos e projetos educacionais e da criação de redes de sociabilidade para sua legitimação; processos diversos relacionados à formação social. Neste aspecto, concebendo os jornais e revistas como instrumento de formação, compreendemos a relevância do uso de diferentes impressos para representar as práticas cotidianas ocorridas em espaços educativos formais e informais, que se apropriam dos métodos e de materiais comumente encontrado nas instituições escolares. Atribuímos, ainda, uma função à imprensa periódica no sentido de avançar para aprendizados que a escola por si só não é capaz de oferecer ou, ainda, não oferece como pressupostos. A leitura, em diferentes experiências de educabilidade, é sempre apropriação, invenção e produção de significados (CHARTIER, 1998). É, portanto, uma prática cultural e social que irá se diferenciar no tempo, no espaço e nos grupos sociais.
Comments